quarta-feira, 30 de janeiro de 2008


Um texto que achei por aí



Quando eu nasci, minha mãe me jogou no colo a boneca mais cor de rosa que existia, para me distrair de outros choros. Enquanto crescia, segurei a boneca esperando você chegar. Quando me cansei da calçada, você me deu a mão e me apoiei nela para levantar. O dia estava bonito, e você sorria muito. Dei meu braço e fomos em direção á Igreja.Antes de atravessarmos a rua, percebi que aquelas mãos não eram as suas.Pedi desculpas e fui embora.Parei no ponto de onibus tentando me lembrar onde mesmo era nosso encontro.Mas quando me lembrei, eu já não tinha mais 18 anos. Achei que vc não se importaria de me encontrar mais velha e menos sorridente. Enquanto esperava o onibus, tive frio e me abracei, braços nus. Uma menina de laços azuis me ofereceu uma bala. Me virei para agradecer, mas ela tinha crescido mais e era uma moça grávida .Notei que meu rosto já não era mais tão suave assim e alguns tantos braços alheios já tinham tentado me aquecer, enquanto você se atrasava.O onibus, então, chegou. Um homem alto me deu seu lugar no onibus cheio. Eu perguntei: é você? Mas ele não ouviu. Eu dormi, cansada de tanta espera.Quando acordei, carregava um cesto velho no colo, e dele caíram algumas roupas velhas.Um homem de olhos velhos e sem piedade pegou-as do chão e me entregou.Não quis perguntar se era ele.
Achei que já era tarde demais, e a noite estava no fim.
Há vidas que se perdem de formas tão amargas...

2 comentários:

Unknown disse...

Belíssimo texto. Triste!!!
Um dia sei, irei sorrir ao ler aqui!

Beijos Fi e uma ótima tarde!

E.M disse...

Cruel. Mas é a vida, por vezes.
Nada neste mundo me é mais indignante nas relações humanas do que os desencontros. Do tempo, da pessoa, da opção.
Simplesmente não entendo. Não aceito saber, encontrar e não ter.
Cruel. Mas é a vida, por vezes.
Elaine