domingo, 15 de junho de 2008

Leila Lopes

O burburinho que corre no meio artístico e na boca do lixo, é sobre o filme pornô que Leila Lopes fez, fato esse antes totalmente negado pela atriz. Após diversos desmentidos, entrevistas e ameaças de processo, eis que surgem nas prateleiras e paredes, imagens do dito filme. Má índole da atriz? Não, não creio. Golpe de marketing? Possível. Se não tivesse ocorrido antes todo o burburinho sobre a existência (ou não) do filme, ele provavelmente poderia passar um tanto despercebido pelo público, algo assim como o filme que Regininha Poltergeist fez. Fato de Leila Lopes ser dona de uma bela aparência e ser uma atriz "global" (embora esquecida), atrairia um bom número de interessados no filme, mas as entrevistas e negações certamente atraíram mais ainda, inclusive deste que escreve.
Muitos críticos olham pejorativamente o fato de ela ter feito o filme. Não vejo motivo. Ainda não o vi, mas se realmente for como ela afirma, um filme com uma estória Rodrigueana, então é algo que vale a pena ser visto. Vejamos:

Pornôs com sexo gratuito são interessantes? Até certo ponto, sim.
Pornôs ditos com “enredo” são bons?Questionável, pois até hoje só me deram sono (exceção feita à Breeders).

No ambiente Rodrigueano, se respira sexo. Sexo que acontece, e que não acontece. E em seus filhotes também, como a minissérie “Presença de Anita”. Em diversos filmes nacionais (aliás, poucos filmes nacionais do passado, não o tinham) e estrangeiros, o sexo é um tema recorrente. Insinuado como em “E o Vento Levou”, inocente como em “A Lagoa Azul”, romântico como em “Romeu e Julieta”, contraventor em “O Último Tango em Paris”, assustador em “Irreversível”, não convencional como em “A Secretária”, mas em suma, sexo. De todas as formas, cores e credos. Belas cenas de sexo são vistas como algo sensível.

O nú também deixou de ser caso de polícia há algum tempo. Como nos ensinam os dinamarqueses, o nú em si, não é o suficiente para o sexo, é necessário algo mais (coisa que nós latinos com certeza, não aprenderemos neste milênio). O nú torna as histórias mais reais, já que não tomamos banho vestidos, e nem sempre uma esposa desejosa vai pra cama vestida. Assim sendo, o nú é uma peça da realidade que não deve ser disfarçada.Afinal de contas, o que incomoda? O nú em si, ou o juízo que fazemos dele?

Agora, tudo isso para dizer que, se o filme de Leila tiver um roteiro interessante, rodrigueano, com cenas de sexo bem filmadas e não gratuitas (do tipo que foram filmadas centos de vezes em cenários de borracharias), só há a se comemorar. Significa que não apenas os filmes pornô alcançaram um estado de maturidade em que é possível um bom roteiro, como (espero eu, mas tenho minhas dúvidas) o público será capaz de ver uma nova dimensão no divertimento erótico. Pessoalmente, acho que serão as mulheres a aproveitar bem essa nova abordagem de filmes, já que o sexo deixa de ser gratuito.

Apenas um comentário para Leila Lopes. Em uma das entrevistas que concedeu sobre o filme (não sei se a entrevista é factual ou factóide), você diz que é atriz de verdade, registrada em carteira, e não atriz pornô. Por favor, não as coloque para baixo, não há por quê. Afinal de contas, você agora bebe, mesmo que pouco, da mesma fonte que elas. E acho que são atrizes sim. Afinal, expressar prazer (que nem sempre devem estar sentindo), em um set repleto de pessoas, em um situação como essa, não é fácil como você mesma pode perceber.uAM parte das aulas dramáticas é sobre expressão corporal, não é mesmo?